domingo, 1 de setembro de 2013

Globo,de joelhos,pede clemência pelo apoio à ditadura.Mas não mostra o DARF.

                                                          Na noite do dia 30 de agosto, militantes do Levante Popular da Juventude escracharam a sede das organizações Globo, na cidade do Rio de Janeiro.

Demorou 49 anos para a Globo publicar um editorial dizendo:

"A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura". 

Sim, o jornalão "O Globo" disse e assumiu com todas as letras que esse grito que sai do peito das manifestações nas ruas é uma verdade histórica.

Tentou dividir sua culpa, dedurando o que todo mundo sabe: que a "Folha" e o "Estadão" também apoiaram.

Depois de gastar muitas palavras na tentativa de justificar o contexto do apoio à ditadura, admitiu que foi um erro histórico. Isso em um texto que não passa nenhuma convicção de arrependimento verdadeiro, só escrito 49 anos depois do golpe, 28 anos depois da redemocratização, e só quando passaram a haver constantes protestos populares na porta da emissora. Na manifestação de sexta-feira (30), em São Paulo, jovens jogaram estrume na porta e no letreiro da emissora. No Rio, jogaram lixo, dizendo que estavam devolvendo o lixo que a Globo joga no povo brasileiro.

Se as Organizações Globo esperam com esse editoral, que não convence, melhorar sua imagem, acho que está muito enganada. Para quem já tem uma má imagem da Globo, esse reconhecimento tardio e só na hora em que a opinião pública se vira contra ela, soa como oportunismo barato e coisa de gente covarde e sem vergonha. Para os reacionários assinantes do jornalão "O Globo" e fãs de Alexandre Garcia, enxergam o jornal e a emissora como traidora, rendida, vira-casaca, coisa de covarde e sem vergonha. Resultado: não ganha novos adeptos e perde os antigos leitores.

Mas é provável que, a esta altura, "O Globo" saiba disso, e esteja apenas sem saída. Afinal como brigar com os fatos? Como brigar com a voz das ruas gritando uma verdade histórica incontestável? Só tem um jeito: admitindo.

Outra esperteza calculada da Globo pode ser no sentido do próprio jornalão e emissora querer direcionar os protestos contra ela mesma para esse tema, de forma a abafar outros temas do presente, que são muitos.

O primeiro é a autuação de R$ 615 milhões pela Receita Federal por sonegação do imposto de renda da TV Globo na compra de direitos de transmissão da Copa de 2002 da FIFA através de operações em paraísos fiscais. O caso está tão mal explicado que ninguém sabe se pagou ou não. A emissora emitiu comunicados evasivos dizendo que não tem mais essa dívida e que aderiu a Refis, mas não mostra o DARF, nem informa se houve alguma negociação, prescrição ou perdão nesta dívida. E o povo não abre mão de saber.

Outra questão é que a profissão de fé na democracia, 49 anos depois do golpe, não combina com o jornalismo da emissora, que persegue uns e protege outros no noticiário. 

A emissora é useira e vezeira em criminalizar movimentos sociais, censurar as reivindicações de trabalhadores, sem terra, sem teto, beneficiários do Bolsa Família, professores, favelados, demitir jornalistas progressistas, não entrevistar políticos e intelectuais contrários à privataria tucana, que a emissora sempre apoiou.

O noticiário é deturpado, partidarizado, cheio de bolinhas de papel, protegendo os amigos demotucanos, abafando o propinão tucano no metrô, enquanto agride de forma irreal e exagerada políticos e movimentos sociais que a emissora considera seus adversários.

Mais um ponto anti-democrático é a bancada da Globo no Congresso, que obstrui qualquer tentativa de democratização das comunicações, permanecendo um quadro de cartéis e oligopólios no setor.

Esse efeito é muito mais nocivo. Como se não bastasse tratar bem políticos que bajulam os interesses dos donos da emissora, e tratar mal os que contratiam, ainda tem o fato de TVs e rádios regionais afiliadas ao sistema Globo terem como donos famílias de oligarquias políticas arcaicas que formam grandes bancadas de deputados e senadores. Isso vem desde a época da ditadura. Portanto é essa bancada da Globo a maior responsável pelas picaretagens na política.

E há outros enormes contenciosos históricos como as relações mal explicadas com cartolas de futebol e bicheiros de escola de samba que sempre garantiram os direitos de transmissão do futebol e do carnaval.

Enfim, há um acerto de contas muito maior que o povo brasileiro tem que fazer com a Rede Globo do que o jornalão quis pautar.

Para quem quiser ler o editorial o portal Brasil247 publicou o texto na íntegra.


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