terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dinheiro público para financiar evento privado aeronáutico.

Dinheiro público para financiar evento privado aeronáutico

Prefeitura pede para Câmara aprovação de recurso de R$1,5 milhão

 

A Prefeitura Municipal de Maringá (PMM), mais uma vez quer utilizar o dinheiro público para financiar “grandes eventos”, cuja alegação é de que a cidade se tornará, agora, num “Pólo Aeronáutico do Paraná”. E para isso quer destinar R$ 1,5 milhão.

 

Há anos Maringá vem despontando como cidade do turismo de eventos. Esta feira aeronáutica seria mais um impulso para o município neste e em outros setores, contudo há ponderações a serem feitas e questionamentos a serem respondidos para que seja utilizado dinheiro público para sua realização. Recentemente o Poder Executivo destinou verba de R$ 80 mil para um evento de balonismo que até agora não foi provado os benefícios de sua realização para o município.

 

A intenção da prefeitura é trazer para a cidade a feira aeronáutica “Expo Aero Brasil”, que atualmente é realizada na cidade de São José dos Campos (SP), grande centro aeroespacial do Brasil onde funciona o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

 

A “ 16ª Expo Aero Brasil”, que este ano realizada nas instalações do DCTA, em São José dos Campos, segundo informações veiculadas no site G1 Vale do Paraíba e Região, do dia 11/07, “a feira ocupou uma área de 52 mil metros quadrados, com exposição de cerca de 80 aeronaves e stands com produtos do setor ligados à aviação executiva, agrícola e militar. Ainda de acordo com a matéria, aproximadamente 20 mil pessoas passaram pela feira durante os dias de sua realização”. Para este evento o valor da entrada foi de R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia entrada).

 

Para a realização da “Expo Aero Brasil, na cidade paulista,  de acordo com o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Ciência, Tecnologia e Inovação de São José dos Campos, Alcides Snirandeli, a participação da prefeitura se resume em apoio institucional. “Durante o evento a prefeitura monta um stand onde são divulgadas ações do município, turismo e empresas da cidade”, disse o assessor.

 

Em Maringá, segundo informações da PMM, a feira seria realizada nas dependências do Aeroporto Regional de Maringá Silvio Name Júnior – Terminais Aéreos de Maringá SBMB S/A e com data pré definida para o mês de agosto de 2014. Segundo reportagem do jornal O Diário do Norte do Paraná, desta quinta-feira, 06, “a mostra, prevista para ser realizada entre os dias 29 e 31, vai trazer para a cidade 2 mil aeronaves e cerca de 250 empresas expositoras de até 16 países”.

 

Ainda na mesma matéria, o prefeito de Maringá, Carlos Roberto Pupin, disse que “a feira custa em tono de R$ 5 milhões, e a prefeitura teria que dar a contrapartida. Pedimos à Câmara que aprove o projeto para que possamos consolidar o polo aeronáutico e o turismo de eventos e negócios em Maringá”. Na reportagem traz ainda que o projeto prevê concessão de 25 anos para a realização do evento que as próximas edições a organização arcaria com todos os custos.

 

Para o vereador Mário Verri, não há dúvidas de que grandes eventos beneficiam a cidade, ainda mais quando a proposta é fomentar desenvolvimento econômico e geração de emprego. Contudo, a primeira ponderação apontada pelo vereador está na estrutura. “Nosso aeroporto possui uma grande área, contudo, dizer que o evento pode trazer cerca de duas mil aeronaves e 250 empresas é muita coisa. Acredito que o espaço atual não comportaria tudo isso”, disse Verri.

 

O questionamento levantado pelo vereador se fundamenta a partir de informações da administração do Aeroporto de Maringá, que a área do sítio aeroportuário é de 66,7 alqueires, o que equivale a 1.615.421,89 metros quadrados. A pista atualmente possui cerca de 2.100 metros e 11 hangares de propriedade do município cedidos por contrato de concessão às empresas num período médio de 15 anos. Ainda de acordo com a administração a área atual ainda permite a construção de mais três hangares. “Acredito que ainda há para onde o aeroporto crescer, mas não creio que seja tão rápido ao ponto de receber tal evento sem comprometer os voos comerciais”, apontou Mário Verri

 

Ainda com relação ao valor da contrapartida da prefeitura para a realização do evento, no valor de R$ 1,5 milhão, os questionamentos são a cerca da necessidade deste investimento, ainda mais quando há áreas onde as demandas são muito mais necessárias, como a saúde.

 

De acordo com a tabela de preços de procedimentos do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (Cisamusep), referente à 2014, o montante de R$ 1,5 milhão, daria para comprar milhares de exames e consultas. Tomando como base , por exemplo, radiografias mais comuns, seria possível o município comprar cerca de 120 mil. Ainda analisando os procedimentos mais procurados, seria possível comprar pelo menos 37.500 consultas médicas especializadas infantis, mesmo número para consultas oftalmológicas com exames. Com o mesmo valor o município também poderia adquirir 30 mil exames de mamografia ou 15 mil ultrassonografias obstétrica morfológica. “Fato é que o valor que a prefeitura pretende repassar para a realização deste evento poderia reduzir consideravelmente a fila de espera para exames e consultas em Maringá. Mas o interesse parece não ser esse para a prefeitura”, afirmou Verri.

 

Como parâmetro de comparação para destinação do mesmo valor, por exemplo, os R$ 1,5 milhão daria para proporcionar o tratamento de pelo menos 420 pessoas em uma comunidade terapêutica durante um ano. “Outro exemplo de como a prefeitura poderia investir recursos públicos de maneira correta e mais descente”, ressaltou o vereador.

 

 


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