quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A batalha por José Dirceu.


José Dirceu, preso pela ditadura em 1968
Quem apostava que o chamado “julgamento do século” colocaria os réus do também chamado “mensalão do PT” no corredor da morte, perdeu. Ou melhor dizendo, perderá. Imagino que o PiG preparou seu habitual festival de manchetes raivosas e a publicação rainha dos fascistas – que na semana que antecedeu o início do julgamento colocou a cabeça de José Dirceu em capa fúnebre, anunciando seu abate eminente – preparou a capa seguinte, ainda na sexta-feira, no mesmo tom da anterior. Mas algo deu errado. O Procurador Geral da Republica, Roberto Gurgel, enrolou, enrolou, e não convenceu. Não apresentou nada de novo além dos factóides publicados pelo consórcio de golpistas há 7 anos. Vendo que não tinha nada que justificasse, Veja preferiu imprimir a capa “reserva”, levantando a bola da novela da Globo. Foi a senha: um banho de água fria em todos que apostavam em novo linchamento midiático do PT.
Antes mesmo da sessão de segunda-feira, quando finalmente iríamos ouvir a defesa de José Dirceu, já se sabia que o tal “escândalo do mensalão” azedou. Bastou dar uma conferida na blogosfera e nas manchetes do PiG para confirmar. A decepção dos soldadinhos midiáticos da direita era gritante. O blogueiro pau mandado do mafioso dono da Veja, que passou as últimas semanas latindo grosso com aquela arrogância costumeira, calou-se. Mudou de assunto e de humor.
À noite, depois que o advogado de Dirceu arrasou o promotor, o Jornal Nacional seguiu a mesma linha “light” de seus parceiros. Em vez de plantar dúvidas e iniciar o linchamento, deu amplo destaque às defesas, explicou didaticamente ao telespectador que ludibriou por 7 anos que a coisa não era bem assim.
A tese da compra de votos com dinheiro público foi pro brejo. Pagar mensalmente a aliados para votarem com o governo? Onde está a lógica disso? Aliados votam a favor naturalmente. Por isso são aliados! É bem diferente do caso da compra de votos por FHC para aprovar a emenda da reeleição que lhe dobrou o tempo de mandato. Ali entrou gente de todos os partidos. Foi R$ 200 por cabeça, parcela única!
Agora é o PiG que corre atrás do prejuízo da credibilidade. O “julgamento do século” virou o que sempre foi: o basicão e usual  delito eleitoral do caixa dois. Perdem-se os anéis e salvam-se os dedos. Ao menos por enquanto. Porque se formos fazer as contas, temos muita CPI pela frente. (Privataria, Cívita, Furnas…)
O que se pode tirar disso tudo até agora? A primeira certeza: não haverá unanimidade no veredicto dos juízes. Para ficar bem no filme, o Supremo deverá oferecer à guilhotina as cabeças de alguns réus. Assim, o PiG terá suas manchetes sujas e poupará o STF de uma chacina midiática devastadora – que é, em verdade, a nuvem negra, em forma de pressão, que paira sob o teto do Supremo.
O “X” da questão é José Dirceu. Todos o querem. Uns para queimar em praça pública, outros para devolvê-lo ao lugar que merece na história do PT e do Brasil. Para o PiG, condenar Dirceu – mesmo que sua defesa recorra da sentença e venha a inocentá-lo mais tarde ou mesmo que não cumpra pena pela idade – é uma questão de honra, para não dizer de sobrevivência do que lhe sobra de audiência.
De qualquer forma, quem esperava que o festival sensacional da mídia baseado no “julgamento do século” e abortado na véspera em função da falta de provas que o PGR levou 7 anos para NÃO encontrar, fosse influir na campanha eleitoral, enfiou o rabo entre as pernas. Lula, o alvo indireto dos tucanos e sua mídia, deu a pista: preferiu assistir à Olimpíada a acompanhar o julgamento. Mais do que ninguém, sabia de longa data que Roberto Gurgel não chegaria a lugar algum na busca de provas porque simplesmente não existem!
A partir do dia 21, começa a campanha na TV. Aí então será pra valer. Em São Paulo, palco mais importante do país, os tradicionais 35% que votam no PT reencontrarão Lula e descobrirão Haddad. Restará saber quem vai acompanhar o ex-ministro da Educação rumo à arena do segundo turno. Torço por Serra – que é um perdedor nato e prato cheio de fatos contra si a serem explorados pelos sempre eficientes marqueteiros do PT.

Fonte: O Que Será Que Me Dá?

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