Jornal Opção
“Memórias de uma Guerra Suja”, depoimento do delegado Cláudio Guerra aos repórteres Marcello Neto e Rogério Medeiros, conta que os militares do porão articulavam no restaurante Angu do Gomes, no Rio de Janeiro. Lá, com anuência dos proprietários, o coronel Freddie Perdigão e o comandante Antônio Vieira “decidiam” os caminhos da repressão e quem ia morrer.
“O Angu do Gomes fazia parte de um complicado esquema que arrecadava fundos para as nossas atividades. Ali aconteceram vários encontros da nossa irmandade, manipulados habilmente pelo coronel Freddie Perdigão. Ali conspiramos contra [o presidente Ernesto] Geisel, Golbery [do Couto e Silva] e [João] Figueiredo. No restaurante foram planejados assassinatos comuns e com motivações políticas, e discutidos os vários atentados a bomba que tinham como objetivo incriminar a esquerda e dificultar, ou impedir, a redemocratização do país”, historia o livro.
O apresentador de TV Wagner Montes também mantinha ligações com os homens do porão, notadamente àqueles ligados ao delegado Fleury, como Fininho, Joe e Mineiro. “Eram inseparáveis.” O cantor, ator e comediante Moacir Franco também “cooperava”.
Na verdade, Octávio Frias de Oliveira, o falecido publisher, admitiu, sim, que o uso dos veículos era (é) um fato, mas garantiu ao filho, Otavio Frias Filho, que não tinha participação pessoal nenhuma com os militares. A história está registrada na biografia de Frias pai e no livro “História da Imprensa Paulista”, de Oscar Pilagallo. Supostamente, não havia como reagir. Mas os carros do “Estadão” não foram utilizados.

A ordem partiu do coronel Perdigão, e eu mesmo coloquei a bomba, mas tudo foi feito a pedido do empresário, para não complicá-lo com os outros veículos de comunicação, para se defender da desconfiança de suas relações com os militares. Para todo mundo ele foi a vítima.
Roberto Marinho estava ficando muito visado pela esquerda e pela própria imprensa. Achavam que ele apoiava a ditadura”. Cláudio Guerra contou com o apoio do sargento Jair, de um tenente e do policial civil Zé do Ganho.
via Sintonia Fina
com O Blog do Capacete
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